segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Pais e filhos desta nação

O pai era um importante magistrado, um ministro do STF, causava orgulho ao filho ver a foto do pai nos jornais, cenas nos telejornais mais assistidos, e ouvir de todos sobre o importante papel do papai no cenário nacional, ainda mais agora que ele chegava ao topo da carreira.
Quando o pai chegava em casa vindo de Brasília era uma alegria só, o maior herói que o filho já tinha visto morava em sua casa, e ainda por cima era seu paizão, nada mais gostoso do que poder se gabar na escola junto a turma.
O pai via que seu filho era uma alegria só e contava muitos casos em que estava envolvido e fazia gosto em mostrar sua relevância a fim de inflar a auto estima do guri.
Até que um dia chegou ao tribunal do papai um caso complicado, famoso no país inteiro e com repercussão mundial, esse caso envolvia amigos pessoais deste papai. Esses amigos tinham se envolvido num grande escândalo de corrupção política junto com alguns banqueiros e publicitários.
Mas a maior dor de cabeça era que esses amigos não eram apenas amigos com desvio de conduta, eram bons companheiros, que tinham ajudado, e muito, o papai a chegar ao topo da magistratura.
Naqueles dias o filho via seu pai chegar com um semblante carregado, e o filho preocupado, perguntava ao pai - O que estava acontecendo?
- Nada não meu filho, problemas no trabalho do papai, estão acusando uns companheiros antigos do papai de um crime e preciso ajudar no julgamento - dizia o pai.
- Mas papai, o que eles fizeram?
- A princípio nada que eu acredite que possa ser provado contra eles. Mas houve uma denúncia que esteve em todos os jornais do país e muitos acreditam que eles fizeram coisas erradas. Não se preocupe tudo acabará em breve e o papai te leva comer uma pizza para comemorar!
O guri acreditava em seu herói, um verdadeiro ninja que tinha seu uniforme preto de trabalho, e afinal esse herói era o seu bastião da verdade e seu modelo de vida.
O tempo passou, o julgamento havia chegado ao final daquela etapa, e as condenações, ou absolvições, foram decididas. E aqueles dias não foram muito alegres em casa. O resultado não havia sido conforme papai esperava e ainda por cima ele havia brigado com o colega de trabalho que comandava o julgamento. As conversas em casa estavam carregadas de tensão. O filho havia visto muitas criticas ao pai sendo publicadas e as brigas estavam sendo repetidas em todos os telejornais. O guri andava triste, pois muitos amiguinhos da escola estavam caçoando dele e por vezes chegavam a hostiliza-lo.
- Mas pai, porque o senhor brigou com seu colega? Estão todos na escola caçoando de mim, dizendo que o senhor é um vendido, amigo dos acusados, e que tenta protege-los enquanto a maioria de seus colegas estão contra o que o senhor diz.
- Meu filho, não leve em conta o que estes golpistas dizem, estão todos unidos para punir injustamente meus companheiros, só porque eles tem grande popularidade e existem muitos poderosos querendo culpá-los. Eles estão sendo acusados injustamente. Eu farei de tudo para evitar que isso aconteça.
- Mas pai, eles já não foram condenados?
- Sim, mas ainda existem recursos a serem julgados. Ainda podemos virar o jogo.
- Pai, me falaram que esse caso já tem muitos anos e depois deste tempo todo ainda tem mais julgamento para ocorrer?
- Tem sim, ainda bem, né filho? Assim dá para tentar impedir essa injustiça.
O guri ficou pensando um pouco e disparou:
- Pai, mas porque só você acredita neles, é porque são seus amigos?
O pai coça a cabeça, lembra do herói que representa ao seu filho e diz severo:
- Não, o papai jamais faria isso! Podem ser meus amigos, mas estou sendo imparcial meu filho, é que ninguém acredita e mim e nos advogados deles.
- Pai, mais uma coisa, o senhor acredita nestes seus amigos, porque parece que nem os eleitores deles parecem acreditar. Eu gostaria muito que o senhor estivesse do lado da verdade pois quero mostrar aos meus amigos que meu pai não é um vendido como eles falam. Eu queria muito saber que vou poder confiar no senhor pelo resto da minha vida. Queria muito que parassem de caçoar de mim, pois parece que estão todos contra o que o senhor diz, inclusive vejo como os professores me olham diferente.
O pai sentindo uma imensa culpa pela situação do filho, chegou a questionar se deveria levar adiante seu papel solitário de defensor dos seus companheiros. Sentia um aperto no peito, pois sabia que dali pra frente sua decisão mudaria os rumos de suas vidas. Pensou muito sobre o que faria a partir daquela conversa.
- Filho, o papai só quer que a justiça seja feita. Depois nos falamos sobre isso.
Resolveu adiar um veredicto que poderia lhe custar a confiança do filho. Teria tempo de mostrar o quanto seus amigos estavam sendo injuriados, caluniados pela elite insatisfeita com os sindicalistas que estavam no poder.
O tempo passou, e o guri já atento a tudo e com a esperança de ver que seu pai tinha razão, assistia mais e mais escândalos envolverem aquela turma toda, especialmente um que era bem importante e poderoso, e assim ficava cada vez mais decepcionado com a situação. Preferia acreditar que estavam todos errados, seus amigos da escola e toda aquela gente indignada que acusava a turma daquele amigo barbudo do papai. No fundo, aquilo tudo estava destruindo todos seus conceitos infantis e o ajudando a amadurecer, poderia sair disto mais forte do que entrara.
- Pai, porque tanta coisa aparece no noticiario falando sobre corrupção envolvendo essa sua turma de amigos, desse julgamento que nunca acaba? Eles continuam sendo acusados injustamente?
- Sim filho- dizia já sem muita convicção na voz.
- Porque seus colegas do tribunal não concordam com o senhor?
- Não sabem ver as coisas como o papai pode ver- e isso soava estranho até para o próprio pai.
- Então esse país que a gente mora só tem gente ruim, que acusam outras pessoas de coisas que elas não fazem, não é pai?
- Sim, é sim.
- Mas então como vou poder ter amigos se todos são ruins? Pai, e você também vai ter que trabalhar com tanta gente ruim ao seu lado? Só os seus amigos são bons?
Chegaram na mesma encruzilhada de antes e não havia mais como adiar a escolha. Ela tinha que ser feita. Ser magistrado era fácil, difícil era explicar as escolhas pessoais. Manter a integridade e a isenção que exigia o cargo- e a pose de herói- tendo que manter o comprometimento com seus companheiros, era o grande desafio. Isso exigia um enredo rocambolesco que somente faria a cabeça do guri sair fora do eixo.
O pai sabia que não conseguiria explicar toda a verdade envolvida ao filho ainda inocente. Sabia que era cedo ainda para fazê-lo entender todas as encruzilhadas que uma vida tem quando se sai fora do eixo. Do eixo moral, ético, íntegro, isento, do eixo 'burguês' que ele mesmo fazia questão de viver, com uma conta bancária gorda, mordomias e luxos aos quais ele pai, e todos os seus companheiros fazem questão de viver a cada dia. Como explicar ao filho que enquanto eles acreditam que tudo isso pode ser feito em nome de uma causa, aos demais cidadãos excluídos do poder, não vale o mesmo raciocínio? Como explicar que seus companheiros pregam uma igualdade que não existe, e nunca vai existir, pois eles mesmos são diferentes em seus privilégios? E sobre seu trabalho, como explicar que suas preferencias pessoais estão de acordo com a ideologia de seus companheiros exatamente num ambiente em que isto não deveria ocorrer, pois coloca em risco um dos pilares da democracia? Também seria complicado explicar como um condenado pode continuar exercendo seu poder político.
Resolveu então:
- Filho, o papai não tem como explicar quem é bom ou quem é mau neste momento. Vamos esperar o julgamentos dos embargos e assim podemos saber o que vai acontecer com os meus companheiros.
- Mas papai, você já me pediu para esperar antes... E o que vi sobre eles neste tempo não foi bom.
- É um mundo complicado filho... Você um dia vai entender...
Sabedor do mundo fétido em que estava envolvido, preferiu manter o guri alheio a verdade e sempre jogaria com o tempo a seu favor, a fim de que este o ajudasse a diminuir o ímpeto curioso que poderia comprometer suas relações.
E assim renunciava a sua missão de pai, a fim de que na escola, devidamente aparelhada pela ideologia, lhe fizessem o grande favor de manter o guri dentro do eixo companheiro.

Essa é uma obra de ficção e qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência!




quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Jacornélio M. Gonzaga: O Mendacium


Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Jacornélio M. Gonzaga

“Na mentira patológica, o ato de dizer mentiras é com freqüência um fim em si mesmo. Um mentiroso que mente deliberadamente sabe que mente, ao passo que um mentiroso patológico pode não saber."

Na mitologia grega, PROMETEU, filho do Titã Jápeto e de Clímene, era primo de ZEUS (Júpiter), o deus que mandava no Monte Olimpo, que embora fosse bem mais alto que o Morro do Alemão, sem teleférico e longe da Linha Amarela, era a morada dos doze deuses chefões daquela quadra do tempo.

À época, só existiam os deuses e seus familiares, portanto ninguém trabalhava. Depois da “intentona” dos Titãs, o socialismo bolivariano foi implantado e os moradores do Olimpo, que continuaram sem trabalhar, passaram sentir a falta de artigos de primeira necessidade. Historiadores citam que houve até a necessidade da importação de papel higiênico. ZEUS, muito preocupado com o andar da carruagem, e sentindo a necessidade de cobrar novos impostos, para sustentar as diversas bolsas do Olimpo, resolveu povoar o planeta Terra, dando a seu primo – PROMETEU - a missão de educar os mortais, que seriam a nova fonte de recursos.

Antes de roubar o fogo de ZEUS – no sentido literal da palavra – para dá-lo aos homens, PROMETEU, que era também um grande escultor, resolveu usar toda sua habilidade para esculpir uma nova forma que representasse uma reflexão filosófica de atitude, que ele achava essencial para regular o comportamento das pessoas: aVerdade. Como naquela época o português ainda era restrito aos garrafeiros e “burros sem rabo”, PROMETEU deu o nome de ALETHEIA (Veritas) à sua nova obra.

O preocupado escultor, sentindo-se cansado e sem descendentes com dons artísticos, havia feito uma seleção para uma vaga de “training” em sua oficina. O jovem DOLUS (Trapaça) fora o vencedor da acirrada concorrência, tendo demonstrado, de imediato, suas características de interesse e astúcia.

Trabalhando incessantemente em seu ateliê, o dedicado CEO (1) da humanidade dava os últimos retoques em ALETHEIA, quando foi convocado por ZEUS para comparecer, com urgência, ao Olimpo. Como hoje, já naquela época, atender ao chefe tinha caráter emergencial; e lá se foi o diligente escultor em direção ao Olimpo, sabendo que teria de encarar uma baita subida, passando por encardidos becos, sempre disputado por facções rivais.

DOLUS, sentindo no afastamento de PROMETEU a sua grande oportunidade para mostrar serviço ao mestre, aproveitou o tempo para moldar uma réplica de VÉRITAS, copiando todas as características com apurado esmero. A pequena estátua estava ficando idêntica, mas um imprevisto aconteceu: PROMETEU foi assaltado quando cortava caminho por uma das vielas da “comunidade” (2) da Rocinha e retornou ao ateliê para buscar mais dinheiro para dar aos ladrões, caso fosse abordado novamente.

Apavorado com o repentino retorno do mestre, DOLUS sentou-se sobre a réplica, o que ocasionou dano às partes inferiores da peça - os pés. Estudiosos de mitologia dizem que houve também o esmagamento do dedo mínimo da mão esquerda.

Desconfiado, o Antônio Francisco Lisboa (3) da época mandou que seu estagiário se levantasse, tendo ficado admirado com a perfeição da réplica elaborada pelo aprendiz. Mas, a fim de comprovar a semelhança, colocou as duas estatuetas no forno e, quando estavam completamente cozidas, infundiu-lhes a vida.

VERITAS deu seus primeiros passos com firmeza, ao contrário de sua estátua gêmea que, por ser uma falsidade, uma ilusão, um produto de subterfúgios, após cambaleantes passos, empacou, não mais conseguindo sair do lugar.

PROMETEU batizou a grotesca imitação com o nome de PSEUDOLOGOS, em homenagem aos espíritos especializados em farsas, mentiras e engodos; posteriormente, os romanos deram o nome de MENDACIUM (Falsidade) àquela divindade grega da dissimulação.

Passam-se os anos, os séculos, os milênios e chegamos aos dias atuais e lá encontramos o MENDACIUM de Garanhuns (Caetés), o deus, que mesmo nunca sabendo de nada, é o responsável pelo(a): pagamento da dívida externa; autossuficiência energética (incluindo o petróleo); inclusão de milhões e milhões de pessoas na classe média; total erradicação da pobreza; fim da inflação; saúde pública de primeiro mundo, que “dá vontade ‘dagente’ ficar doente”; segurança pública em nível suíço; educação modelo Coréia do Sul; e, blá. Blá, blá.....

O MENDACIUM de Garanhuns não é um mentiroso patológico, ele mente deliberadamente e sabe que mente. Suas mentiras têm o aval e a colaboração do séquito de daimones que compõe a corte petralha; e dos aproveitadores e vendilhões que manobram a política “Panis et Circensis”, em voga na Ilha de Vera Cruz.

O dito popular nos ensina que a MENTIRA tem pernas curtas e os gregos e romanos nos passaram que ela não tem pés, assim sendo, acredito que, de vez em quando, alguma coisa falsa pode começar com sucesso e nos enganar alguns anos, mas com o tempo, VÉRITAS (VERDADE) é a certeza da vitória.

(1) CEO é a sigla inglesa de Chief Executive Officer, que significa Diretor Executivo em português. CEO é a pessoa com maior autoridade na hierarquia operacional de uma organização. É o responsável pelas estratégias e pela visão da empresa.

(2) Nome politicamente correto dado às favelas na Grécia antiga.

(3) O Aleijadinho

Jacornélio é especialista em história grega. Concorreu a uma bolsa de estudos no Oráculo de Delfos, na Grécia. Por não ser filiado a ParTido foi preterido. Em função disso, fez seus estudos mitológicos em OLÍMPIA/SP. 


Revisão: Paul Essence e Paul Word Spin (in memoriam).

terça-feira, 6 de agosto de 2013

O roto falando do rasgado

Estupefato! Não deveria, mas é uma miséria humana, uma tragédia rocambolesca. Se já não bastasse o mar de lama em que nos enterraram, me desencanto vendo os militantes que apóiam os PeTralhas, muitos devem ter uma BolsaBlog ou BolsaNinja, em festa! 
Antes de continuar já vou declarando, sim, caso seja comprovada a participação dos "inimigos tucanos" estarei na torcida pela devida punição, e mais, continuarei protestando contra nosso sistema político que protege o corrupto, seja de qual bandeira ou sigla ele for. Não tenho mais comigo essa afinidade partidária que tinha na década de 90, pois admirei muito o pragmatismo do Plano Real, com sua vitória sobre o caos inflacionário e sua responsabilidade, mau explorada, sobre os avanços econômicos dos governos posteriores. Agora consigo ver melhor o contexto, e o que vejo não me agrada mais. Nada disso, que temos para hoje, faria parte do meu cardápio.
Continuando sobre a festa degradante deflagrada pela mídia chapa branca, é triste demais ver o roto falando do rasgado. A situação fica quase surreal se traduzida assim, os tucanos e sua turma roubam e não dividem o butim com ninguém, mas nós, os petistas roubamos também, mas dividimos o butim com vocês. Votem nos ladrões de lá e fiquem na miséria, votem nos ladrões de cá que deixamos você fazer compras com carnês no comércio e empréstimos no banco. Este poderia ser muito bem o discurso, se essa militância fosse sincera. Contudo não termina por aí, existe também a estratégia revolucionária misturada nos discursos daqueles mais letrados, ou doutrinados, pela cultura de esquerda, o discurso de que esta corrupção, quando é externa ao partido, é uma atitude egoísta das elites oligárquicas que deve ser punida no mais absoluto rigor, mas quando existe uma denuncia de corrupção que envolva alguém comprometido com o "projeto" de poder, passa a ser uma mentira para derrubar as conquistas da massa, uma "invencionice" da mídia golpista, uma falácia dos poderosos que sempre roubaram o país e para coroar a ética invertida, uma desapropriação necessária para os interesses da causa popular...
Abrindo um parêntese, quero expressar a decepção com a tal mídia golpista, pois além dela ser fruto do imaginário, ela ainda tem muitos infiltrados de esquerda na mesma, ou seja, são coniventes. Uma pergunta: Alguma mídia golpista pesquisou a fundo os financiadores do Foro de SP? Essa mídia golpista esqueceu a relação intima das Farcs (terroristas e traficantes) com o PT? Estamos falando sobre soberania nacional, assunto que não é moda, mas sim tão essencial como a liberdade de imprensa. Assim é até injusto chamar a mídia conivente como golpista... Fechando parêntese.
Como já comentei em post anterior, a idéia é trazer a oposição ao mesmo ninho de ratos habitado pelo governo, eles se igualam nos crimes de corrupção, são iguais no delito, é uma tática de redução onde todos estão reduzidos ao mesmo nível (degradante) de avaliação moral (ou amoral).
A partir desta redução, o governo move sua máquina de alto escalão, que possui acesso a todos os microfones e gravadores da grande imprensa (a tal golpista), e assim pode fazer um trabalho orquestrado atiçando a fogueira a seu favor e apagando o fogo da própria roupa. A militância da mídia chapa branca apóia com seu poder de fogo nas redes sociais, completando a tentativa de conquista dos corações e mentes dos deslumbrados com a festa do consumo.
É triste ver ao que estamos nós, o povo, reduzidos. Reféns de aves de rapina que adoram expropriar o dinheiro dos impostos, que seriam investidos em melhores serviços, para coloca-lo em seus próprios bolsos. Essas aves comem nossos olhos, fazendo-nos ver somente os que lhes agrada, por mais que existam escândalos para manter o aspecto de realidade. Essas aves comem nosso cérebro, nos fazendo de idiotas satisfeitos com esmolas enquanto a riqueza permanece nos palácios do planalto central. Essas aves comem nosso fígado, nos deixando intoxicados pelo veneno da utopia populista que nos fazem engolir.
Vejo que, além deste absurdo da festa dos rotos sobre a possível cumplicidade dos rasgados, estamos estagnados na velha, e infelizmente persistente, discussão de uma solução única, salvadora, do coletivo contra o liberalismo, de uma idéia grandiosa e perfeita, que supere a idéia grandiosa e perfeita dos outros. O que vimos na rua, quando espontâneo, foi o oposto disto, pediram o simples, o pragmático, uma solução direta, sem filosofias embutidas.
Sabemos que não basta estalar um dedo, mas tenho uma torcida enorme para que esse furacão arraste para longe essas aves parasitas. Já seria um bom começo, pois temos ainda muitos infiltrados nas universidades, imprensa, produção cultural, sindicatos e associações de classe plantando pensamentos ultrapassados na cabeça dos jovens. Plantando a idéia de que todos somos unidos por baixo e que para resolver essa miséria basta rejeitar a elite egoísta e aderir ao projeto da nova elite benevolente.
Esqueceram de avisar que quem acordou já sabe que nenhuma elite política apodrecida pela corrupção, entrevada na ganância, na inoperância, na incompetência e no corporativismo vai ter vida longa, qualquer que seja cor de sua bandeira do atraso.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Conversa de maluco?

Para iniciar meu post, gostaria de citar partes do relatório de apresentação da pesquisa CNI/Ibope que andou circulando recentemente.

Seguem trechos da pesquisa:


Avaliação do Governo Dilma Rousseff:

• Áreas que o governo tem melhor desempenho: Habitação; Combate à fome e a
miséria; e Capacitação Profissional
• Áreas que o governo tem o pior desempenho: Saúde; Segurança pública; e
Educação.
• Prioridades para o governo federal: Melhorar os serviços de saúde; Combater a
violência e a criminalidade; Combater a corrupção; e Melhorar a qualidade da
educação.

Tributação, disponibilidade e uso de recursos públicos:

• 74% da população acreditam que a presidente e seus ministros, bem como osgovernadores e seus secretários utilizam mal ou muito mal os recursos públicos
- No caso dos prefeitos e seus secretários esse percentual é de 70%.
• 87% da população concordam total ou parcialmente com a afirmação de que “ogoverno já arrecada muito e não precisa aumentar mais os impostos para melhoraros serviços públicos”
• 82% concordam total ou parcialmente que “a baixa qualidade dos serviços públicosdeve-se mais à má-utilização dos recursos públicos do que à falta deles”
• 89% discordam total ou parcialmente que “para melhorar os serviços públicos épreciso aumentar os impostos” 
• 91% acham que os impostos no Brasil são elevados ou muito elevados


Voltando ao post:

Para facilitar, a própria pesquisa diz que a população tem um nível regular de compreensão das responsabilidades das esferas federal, estadual e municipal, mas acha que todas devem ser cobradas igualmente. Bom então a pergunta pode ser generalizada.
Houve alguma correspondência entre as demandas daqueles que falaram nas ruas e as respostas daqueles que se escondem nos gabinetes? 
Na minha opinião parece conversa de maluco. 
-Ei, por onde anda Napoleão? -Diz um.
-Ah! É com gelo e limão! - Fala o outro.
Como postei no início, são raposas astutas, sabem se esgueirar no perigo e roubar a galinha na calmaria (se é que hoje em dia esperam para assaltar os cofres públicos).
Mas toda essa tempestade foi muito oportuna para nosso Ali Babá tupiniquim, afinal o Rosegate esfriou e ele pode ficar calado por mais um tempo. Para um "santo" basta calar-se para que seus pecados se tornem falácia do diabo.
Se nada mais surpreendente ocorrer, resta-nos esperar pelas urnas. Até lá algumas perguntas ainda podem estar sem resposta, e se o caldeirão das ruas não continuar fervendo, temo pelas escolhas dos deslumbrados.
E de conversa de loucos continuarão cheios os blogs e facebooks na nova mídia, a internet. Os seguidores fanáticos do messianismo petista continuarão a propagar os avanços sociais (muito bem vindos por sinal) como se os mesmos pudessem justificar o imenso descaso com o resto da (indi)gestão pública. Sou grato aos avanços sociais, contudo, sou totalmente contra esse governo, uma quadrilha de larápios e irresponsáveis matando pessoas nos hospitais públicos pois não cumprem nem a lei que determina 10% do orçamento destinados a saúde. Isso para ficarmos num sinistro exemplo somente. 
E sobre o discurso da oposição? Mas que oposição? Como opositores vejo apenas uma grande bando de invejosos com vontade de entrar na festa do enriquecimento privado através dos bens públicos. Poucos nomes ainda me valem uma consideração. Mas nomes acabam, morrem, se aposentam, se retiram, e aí mais uma pobreza, onde estão os ideais? De partidos de aluguel e de alma vendida estamos repletos... Onde estão os partidos políticos de verdade? 
É... Novamente a polarização vai acabar por nos estreitar as escolhas entre PeTralhas e Privatarias... Talvez uma Marina ou um Eduardo? Mas qual seria então a diferença do governo deles, senão por acabar utilizando os mesmos mecanismos arcaicos e viciados de que dispomos no momento? Mecanismos políticos que atrasam um país inteiro, recheado de oportunidades de trabalho e desenvolvimento, mas também um país em que suas elites políticas não enxergam (a propósito o LULA é da ELITE que ele tanto escorcha cinicamente - vide seus vôos financiados pelas nossas empreiteiras). Uma mecanismo lesado onde é preciso compor um congresso escravo, onde se vendem Ministérios por votos de cabresto, onde os partidos e os políticos podem encher seus bolsos com muito mais dinheiro do que aquele que se destina ao bolsa esmola. Esmola pois os pobres continuam precisando de favores governistas, clientes de um mecanismo enferrujado e achando tudo muito lindo ate que os erros apareçam na forma de inflação, recessão (interna ou externa), dívidas atrasadas, filas nos SUS, crianças semi analfabetas, etc... -Ora, esses traidores do povo! Precisamos de um novo Salvador da Pátria!
Um novo Getúlio, Jango, Collor, Lulla, etc.
Como eleitor não posso escolher qual modelo de crescimento eu desejo, sou obrigado a escolher qual modelo de atraso me prejudica menos, ou mesmo que me ajude com um bolsa algo, é um modelo de atraso.
Se voltarmos a pesquisa citada acima veremos que o índice de insatisfação com os serviços públicos básicos são muito expressivos, andamos mancos, pois enquanto a perna do ganho pessoal dos pobres os elevou de classe, a perna do desenvolvimento dos serviços básicos andou de lado. Os serviços particulares ainda estão fora de alcance da grande maioria e quando se recorre aos serviços públicos, estes se encontram (com raras exceções) em petição de miséria.
Eu estou de saco cheio de ver cegos malandros guiando cegos ingenuos, pois ambos cairão no precipício. E vão arrastar o resto de nós...
Voto por mudanças em duas etapas, a primeira pela vergonha na cara de começar a se cuidar urgente dos nossos serviços públicos de forma séria, e a segunda, e não menos importante, para que se mude radicalmente o modo de se ver e de se fazer política. Partidos que aglutinem ideais de desenvolvimento bem elaborados, e que tenham em seus quadros pessoas comprometidas com esses ideais.
Sinto-me jovem, pois busco uma utopia! Estou feliz em ser um pouco ingênuo e ter coragem de acreditar. Mas sinto-me maduro também, e sei que nem tudo será viável. E continuarei feliz se ao menos tomarmos consciência desta realidade e continuarmos a buscar essa democracia da nova era.