quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Somos a classe média, e daí?



Que bom que eu não tenho tanto crédito assim! Explico. Venho falando desse "golpe branco" que o Foro de SP vem fazendo na America Latina, especialmente por aqui no Brasil. O comunismo está longe de uma revolução nos moldes dos anos 60, está agora infiltrado em tudo que nos cerca de informação e formação de opinão, e se aproveita da democracia para impor a vontade da minoria organizada sobre a maioria de cegos, mudo e surdos... Sim, a grande massa de eleitores nem tem idéia do que se passa e fica sabendo de muito pouco do que sai na imprensa, e o que sai é muito superficial, quando não é publicidade. Ora, hoje temos muitos veículos na mão de políticos e, como sabemos, a imensa maioria é governista. E também as manchetes, para uma imensa massa de eleitores, é o seu jornal diário, ali, pendurado na banca, onde se lê a capa fumando um cigarrinho de rolo de fumo. É muito pouco para conscientizar. Assim o governo alcança boa parte dessa massa com suas bolsas eleitoreiras, que sim, aliviam a miséria, mas não promovem o desenvolvimento do indivíduo e criando um "pacto" de dependência. Em quem tendem a votar? No grande provedor, claro.
Temos muitos eleitores que tem conexões pessoais com sindicatos, ONGs de fachada, movimentos sociais e todo o aparelho de classes dominado pelos comunistas, sejam do PT ou "sócios" do mesmo.
Existe, entre os esclarecidos, uma sensação de que não somos representados pela classe política, e achamos um absurdo a bagunça institucional que estamos vendo ser descaradamente revelada dia a dia. Protestamos na mídias sociais, escrevemos blogs e publicamos notícias reveladoras, mas isso tem um alcance limitado. Foi uma surpresa o Junho/13. Tanto que não se repetiu mais, mesmo com os Black Blocs na rua a mando dos interessados em ver a classe média fora de cena, a adesão foi muito abaixo do esperado neste 7 de setembro.
A classe média tende a fracassar como movimento, e é natural, nós somos conservadores, religiosos, adoramos nossa família, somos contra essa guerra de classes, o agrupamento bovino dos movimentos sociais, etc. Isso nos desarticula e ainda somada a alienação voluntária sobre a política... Estamos em risco.
A JMJ com a vinda de Francisco I, mostrou a cara do brasileiro, essa cara foi mais doída aos comunistas do que os protestos de Junho, foi a cara do brasileiro que não é comunista. Foi a cara do brasileiro caseiro, que não saiu para fazer baderna e sim pela alegria de se ver representado por um catolicismo renovado, com ares de aproximação da Igreja com seus fiéis. Não sou católico, mas admirei muito essa demonstração de um povo feliz. Foi na verdade um tapa na cara dos comunas, somos conservadores seus subversivos, e somos maioria...
Então porque essa maioria não coloca esses crápulas para correr do poder? Porque fomos enganados a pensar como massa, como classe, como grupos. Por mais que não sejamos uma imensa massa de militantes, acabamos por nos deixar enganar pelo politicamente correto e assim somos manipuláveis. São os heteros preconceituosos contra os coitadinhos dos homosexuais, é a elite (um fantasma falso, pois elite é o próprio poder) que nos oprime, é o empresário (grande parte classe média) safado contra o trabalhador honesto. E assim vivemos o cotidiano nas novelas da Globo ensinando ao seu publico que os empresários são vilões e os coitadinhos são os pobres, como se isso fosse um problema de classe e não de caráter. Ou nunca vimos empresários benevolentes e pobres crápulas?
Esse é o mecanismo. O golpe do coitadinho, da minoria "injustiçada"... E a grande maioria de pessoas comuns que morrem por falta de atendimento médico decente, alguém lembra deles? Usam a todos como massa de manobra e todos caem na armadilha. Tem que ser bom pra todos, não só para alguns como acontece na guerra de classes.
Para piorar, o grau de evolução do golpe maior, o golpe branco, é que estamos quebrando as leis e a constituição através do próprio governo, então o tempo está curto, e o que mais é preciso para acordar?
A classe média está acordando muito lentamente, mas ela precisa deixar um legado e expressar sua indignação nas urnas e tentar fazer com que mais e mais alienados acordem e não aceitem ser manipulados pelo golpe do coitadinho...
Mas ainda bem que pareço um maluco paranóico, imagino se me dessem crédito pelos absurdos que vejo e comento...

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

O Ativista! (revisado 10/11/2014)

Depois de tudo lido e compreendido ficou a impressão de que temos um desafio muito maior do que a política poderia propor, afinal a mesma tratou de destruir tudo o que restava de fé e esperança ao ser humano. Ser um simples pai de família padrão e ter uma fé cristã já basta para se estar andando sobre uma linha fina entre ser um cidadão comum ou chegar a ser processado como um reles criminoso que merece a cadeia assim como um assassino psicopata. Tente apenas ensinar aos filhos que você prefere que eles se casem e formem um casal homem e mulher comum com um genro ou nora de outra família comum. Defenda a família como casal formado entre gênero homem e mulher. Caso você faça uma piada sobre gay, fatalmente será tachado de homofóbico, preconceituoso e intolerante. Não importa que tenha alguém próximo que seja gay e desfrute de seu respeito como pessoa, e mesmo tenha amizade sincera pois isso não o livrará deste purgatório. Provável que ninguém lhe pergunte se você apenas prefere que as escolhas de seus filhos sejam caretas, que você não deseja enfrentar essa mudança de paradigma, mas caso ocorra ficaria sinceramente decepcionado, mas jamais rejeitaria amor a respeito a uma filha ou filho, no caso dessa escolha homossexual. Não importa mais em que grau pessoal de aceitação ou rejeição esteja, não existe mais os tons de cinza, ou é branco ou é preto. É a dicotomia do ser ou não ser elevada ao grau máximo de pureza de pensamento politicamente correto. Em breve poderemos ter conhecimento de que um agente do governo visita residências repreendendo pais por não aceitar a opção homossexual como forma de educar. 

Isso, do ativismo e da ação do politicamente correto, independe da razão ou da intenção, não podemos mais expressar o que pensamos, mesmo que seja condenável, não temos o direito a ser confrontados, repreendidos e cairmos no ostracismo, é preciso criminalizar, trazer as raias da justiça como crime hediondo. Hoje em dia qualquer opinião conservadora é tratada não mais como "careta", não, já passamos desse estágio da pasteurização do pensamento, o careta agora virou crime. Se não foi ainda regulamentado pelo congresso, em breve será. Já querem definir em lei o que é e o que não é família. Ora, uma instituição milenar, que se auto regula desde sua origem, precisa agora de leis que a definam. Ou a humanidade perdeu seu sentido ou estamos de volta as nossas origens descartando tudo que aprendemos desde as cavernas.

Mesmo que seja veemente uma condenação de pensamentos, por exemplo, racistas, existe um grande equivoco em como isso foi implantado na sociedade. Não temos um pensamento de formar novos adultos que não vejam raça e credo como instrumentos de classificação social, mas sim acabamos por reforçar essa separação, por fazer com que sejam estigmatizadas todas as diferenças, devidamente classificadas como minorias com direitos humanitários, forçando a aceitação delas goela abaixo, como se essas minorias já não fossem a própria humanidade em si, com todas as suas imensas diferenças, sejam culturais, étnicas, religiosas, e por extremo, individuais. 

Do que falo? Que o caminho escolhido é o errado. Que o caminho que deveria ter sido escolhido é o de que antes de qualquer classificação que o ativismo do politicamente correto nos imponha, temos que considerar que todo e qualquer ser humano é um indivíduo e tem direito a suas escolhas. Se educarmos os indivíduos como tal, eles não fariam juízo sobre a "cor" de uma pessoa, mas sim por suas atitudes e opiniões, formadoras de seu caráter, esse independe de sua origem étnica. Esse, como baliza para se separar o joio do trigo, o caráter do indivíduo.

Como Olavo de Carvalho afirma, "A tática dos “movimentos sociais”, que inventam direitos inexistentes e os impõem a toda a sociedade antes mesmo de consagrá-los em lei, demonstra isso da maneira mais óbvia: mais vale o poder substantivo do que o poder oficial.", ou seja, o que foi conquistado pela política foram os corações e as mentes das pessoas, pelo menos em sua grande maioria. Temos pensamentos plantados por outros e deixamos nos levar pelo automático do senso comum ou do politicamente correto, nada a dizer sobre o que realmente pensamos sobre o assunto pois a patrulha social do senso comum, ou o comportamento de grupo (manada), nos coloca na cruz como delinquentes ou mesmo chegando a ser considerados criminosos espúrios, verdadeiros facínoras por pensar diferente.

Todos querem que você seja pasteurizado pelo pensamento comum, siga a ideologia de suas cartilhas e esbravejam quando não o faz. Isso apenas arranha uma verdade que percebi sob essa militância do senso comum, ela está impregnada de ideologias, e ideologias humanas, com uma imensa adesão de ativistas da palavra do homem, e isso não vai dar certo, nunca daria nesse estágio de desenvolvimento da nossa consciência, um estágio primário em que nos oferecemos a todo instante a ter ideias plantadas. Enquanto seguirmos mais a palavra do homem do que a palavra de Deus estaremos seguindo, cegamente, aos cegos que nos guiam.


Para ilustrar melhor o que seria uma ideia plantada, imagine uma garota na sua adolescência que confessasse a suas "amigas" que se sente atraída por homens calvos e até um pouco barrigudos... Seria tratada e rotulada de que maneira? Como uma herege do senso estético. Afinal temos programado até por bases "científicas" o padrão de beleza periguete-saradão saído das academias de ginástica. Nada contra, a estética é como a arte, e assim como mesma, se valoriza para mais ou  para menos conforme a procura. Esse é o sentido, "não tenho preconceito do seu gosto particular, desde que ele seja igual ao meu?".

Vejamos pelo lado oculto da escolha essencialmente pasteurizada pela estética mais valorizada. Quantos relacionamentos não seguem esse padrão periguete-saradão e são relacionamentos de sucesso, trazendo frutos e felicidade ao casal? Quantos casais desfrutam de uma vida de realizações pessoais mesmo não se encaixando no padrão estético de beleza escolhido pela maioria? Mesmo se fosse vice-versa, qual a razão que impõe essa estética como fator preponderante para a felicidade? Assim nossas escolhas não devem seguir padrões externos se os mesmos não se encaixarem na nossa essência. Não podemos nos deixar levar pela corrente como forma de buscar nossa auto realização.

Esse pequeno exemplo deve ajudar a perceber o quanto temos destas ideias do senso comum plantadas sobre nossas opções pessoais. Não sou contra nenhum padrão, acredito apenas que cada um possa ter o seu e não ser julgado por isso. Mas não devo fugir da ideia central que desejo propor para ser refletido, a de que não deveríamos ser ativistas de nada que seja contra a nossa individualidade, nosso livre pensar e nosso livre arbítrio. 

O ativismo foi brilhantemente criticado pelo atual Papa, Francisco I, que assim disse:
— Nenhum lobby é bom — declarou, e considera que "não se deve marginalizar pessoas que precisam ser integradas na sociedade". — O problema não é ter essa orientação. Devemos ser irmãos. O problema é fazer lobby por essa orientação, ou lobbies de pessoas invejosas, lobbies políticos, lobbies maçônicos, tantos lobbies. Esse é o pior problema. Se uma pessoa é gay e procura Deus e a boa vontade divina, quem sou eu para julgá-la?

Somos os únicos responsáveis pelas nossas escolhas e assim deve ser. O exemplo do ativismo gay é oportuno, pois a homossexualidade existe desde a muito tempo e nunca precisou deste ativismo atual, pois o problema não é a escolha do gay e sim a idéia plantada de homofobia ser um rótulo machão. Eu não acredito neste padrão, pois homem seguro de si não se preocupa com isso e sim em realizar as conquistas e objetivos já definidos em seu plano de vida hetero. Ponto. Essa intolerância plantada acaba por inflamar a cultura de ódio mutuo. Leis serão criadas, mas o principal não será resolvido, o sentimento não muda, apenas é regulado. Ora, uma sociedade deveria ser formada por pessoas que não cultivam sentimentos negativos pelos outros e sim por pessoas que tenham confiança em seus valores e crenças e respeitem os que não pactuam, se não como irmãos, como seus próximos. Defendam seus valores familiares sem deixar de respeitar os direitos fundamentais de seus próximos. Defendam sua cultura, desde que ela compreenda que existem valores que são comuns a todos o serres humanos.

Agora vamos tomar exemplos religiosos. Muitas das tragédias humanas feitas em nome de Deus, na verdade foram conceitos humanos que foram plantados nos fiéis das igrejas e templos, para que os verdadeiros interesses do homem fossem disfarçados como desígnios divinos, vontades divinas. Quanto sangue foi derramado em nome de deus? Esse minúsculo, pois não representaria o verdadeiro, acima das nuvens, e sim os lobos disfarçados de cordeiros, que vivem abaixo das nuvens. Os fiéis se tornam ativistas do homem, e não ativistas de Deus como imaginam. O ativismo acaba sempre em defesa de interesses medíocres, salvo raras exceções em que o homem reflete um valor divino, e aposto que nessas manifestações a audiência é bem menor. O diabo planta a semente da discórdia e ela prospera muito mais do que a semente da vida.

O ativista muitas vezes acaba adotando pensamentos e ideologias pré concebidas, defende-as com paixão e não raro, adora o embate, as vezes mesmo um embate físico ou um vandalismo gratuito. Tudo em nome do que lhe foi proposto, plantado como a grande causa de sua vida. O grande equivoco é esse. Qual é a verdadeira causa de sua existência, é a pergunta que não sabemos responder, pois isso nos foi tirado a fim de que estejamos disponíveis para abraçar as causas de ocasião, a causa do homem que deseja se impor ao próprio homem. Qual a sua causa? Qualquer que seja ela, mesmo que seja o sucesso material, um conhecimento cientifico novo, uma benfeitoria para a posteridade, um bem feito para a humanidade, ou mesmo encontrar o refúgio perfeito longe da cidade para se isolar deste mundo intragável sob está ótica social desagregadora.

Aposto que na grande maioria, as pessoas não devem ter uma causa recheada de ódio, de violência ou que contenha propósitos humilhantes ou de extermínio ou dominação de outros. Claro que temos muitos canalhas neste segmento de propósitos de dominação, e muitos vivem aqui no nosso país. Mas podem verificar que em muitos de nós, pessoas mais comuns e menos ideologizadas, as nossas causas pessoais, quando livres de pensamentos plantados, são livres de sentimentos inferiores. Agora pense sobre os ativismos mais numerosos da atualidade, alguns tão ignóbeis quanto a marcha da vadias, outros mais discretos no seu propósito pois pertencem ao senso comum, como o ativismo gay, este que quase proíbe o gay de ser apenas gay, ele tem que ser ativista... Será que não existe um abismo entre nossas causas particulares e estas "sociais"?

Quero me propor a fazer outro tipo de ativismo, aquele de defender a sua própria causa sem que isto inclua nada de senso comum, apenas valores elevados, distantes dos interesses mesquinhos, um ativismo que possa proporcionar liberdade, pensar próprio e se possível que inclua ao Cristo, com sua palavra "Amar a Deus sobre tudo e ao teu próximo como a ti mesmo". Pois minha crença é de que o criador nos quer incansáveis na busca de nossa própria evolução, que é individual, e a cada um a seu tempo. Mesmo que seja uma nação, pois que evolua de forma diversa e cada uma a seu tempo. Chegou a hora de tirar lições destas trevas vividas sob o manto da ideologia humana. Acredito muito que essa lavagem cerebral que nos foi imposta pela ideologia humana sórdida e pérfida do pensamento hegemônico nos ajude a prosperar nossa consciência e nos alerte sobre os males da ditadura cultural e filosófica que nos torna alienados e ateus. E mesmo que seja ateu, cuide para que não seja um ateu otário, sendo ativista das causas dos outros.

Assim estaremos muito mais próximos de realizar uma sociedade mais livre, menos intolerante e muito mais receptiva às diferenças do que o modelo atual de semear a discórdia para depois impor a aceitação forçada por lei. Tenho como imagem ideal de consciência livre uma frase atribuída a Morgan Freeman  — O dia em que pararmos de nos preocupar com consciência negra, amarela ou branca e nos preocuparmos com a consciência humana, o racismo desaparece.

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Pais e filhos desta nação

O pai era um importante magistrado, um ministro do STF, causava orgulho ao filho ver a foto do pai nos jornais, cenas nos telejornais mais assistidos, e ouvir de todos sobre o importante papel do papai no cenário nacional, ainda mais agora que ele chegava ao topo da carreira.
Quando o pai chegava em casa vindo de Brasília era uma alegria só, o maior herói que o filho já tinha visto morava em sua casa, e ainda por cima era seu paizão, nada mais gostoso do que poder se gabar na escola junto a turma.
O pai via que seu filho era uma alegria só e contava muitos casos em que estava envolvido e fazia gosto em mostrar sua relevância a fim de inflar a auto estima do guri.
Até que um dia chegou ao tribunal do papai um caso complicado, famoso no país inteiro e com repercussão mundial, esse caso envolvia amigos pessoais deste papai. Esses amigos tinham se envolvido num grande escândalo de corrupção política junto com alguns banqueiros e publicitários.
Mas a maior dor de cabeça era que esses amigos não eram apenas amigos com desvio de conduta, eram bons companheiros, que tinham ajudado, e muito, o papai a chegar ao topo da magistratura.
Naqueles dias o filho via seu pai chegar com um semblante carregado, e o filho preocupado, perguntava ao pai - O que estava acontecendo?
- Nada não meu filho, problemas no trabalho do papai, estão acusando uns companheiros antigos do papai de um crime e preciso ajudar no julgamento - dizia o pai.
- Mas papai, o que eles fizeram?
- A princípio nada que eu acredite que possa ser provado contra eles. Mas houve uma denúncia que esteve em todos os jornais do país e muitos acreditam que eles fizeram coisas erradas. Não se preocupe tudo acabará em breve e o papai te leva comer uma pizza para comemorar!
O guri acreditava em seu herói, um verdadeiro ninja que tinha seu uniforme preto de trabalho, e afinal esse herói era o seu bastião da verdade e seu modelo de vida.
O tempo passou, o julgamento havia chegado ao final daquela etapa, e as condenações, ou absolvições, foram decididas. E aqueles dias não foram muito alegres em casa. O resultado não havia sido conforme papai esperava e ainda por cima ele havia brigado com o colega de trabalho que comandava o julgamento. As conversas em casa estavam carregadas de tensão. O filho havia visto muitas criticas ao pai sendo publicadas e as brigas estavam sendo repetidas em todos os telejornais. O guri andava triste, pois muitos amiguinhos da escola estavam caçoando dele e por vezes chegavam a hostiliza-lo.
- Mas pai, porque o senhor brigou com seu colega? Estão todos na escola caçoando de mim, dizendo que o senhor é um vendido, amigo dos acusados, e que tenta protege-los enquanto a maioria de seus colegas estão contra o que o senhor diz.
- Meu filho, não leve em conta o que estes golpistas dizem, estão todos unidos para punir injustamente meus companheiros, só porque eles tem grande popularidade e existem muitos poderosos querendo culpá-los. Eles estão sendo acusados injustamente. Eu farei de tudo para evitar que isso aconteça.
- Mas pai, eles já não foram condenados?
- Sim, mas ainda existem recursos a serem julgados. Ainda podemos virar o jogo.
- Pai, me falaram que esse caso já tem muitos anos e depois deste tempo todo ainda tem mais julgamento para ocorrer?
- Tem sim, ainda bem, né filho? Assim dá para tentar impedir essa injustiça.
O guri ficou pensando um pouco e disparou:
- Pai, mas porque só você acredita neles, é porque são seus amigos?
O pai coça a cabeça, lembra do herói que representa ao seu filho e diz severo:
- Não, o papai jamais faria isso! Podem ser meus amigos, mas estou sendo imparcial meu filho, é que ninguém acredita e mim e nos advogados deles.
- Pai, mais uma coisa, o senhor acredita nestes seus amigos, porque parece que nem os eleitores deles parecem acreditar. Eu gostaria muito que o senhor estivesse do lado da verdade pois quero mostrar aos meus amigos que meu pai não é um vendido como eles falam. Eu queria muito saber que vou poder confiar no senhor pelo resto da minha vida. Queria muito que parassem de caçoar de mim, pois parece que estão todos contra o que o senhor diz, inclusive vejo como os professores me olham diferente.
O pai sentindo uma imensa culpa pela situação do filho, chegou a questionar se deveria levar adiante seu papel solitário de defensor dos seus companheiros. Sentia um aperto no peito, pois sabia que dali pra frente sua decisão mudaria os rumos de suas vidas. Pensou muito sobre o que faria a partir daquela conversa.
- Filho, o papai só quer que a justiça seja feita. Depois nos falamos sobre isso.
Resolveu adiar um veredicto que poderia lhe custar a confiança do filho. Teria tempo de mostrar o quanto seus amigos estavam sendo injuriados, caluniados pela elite insatisfeita com os sindicalistas que estavam no poder.
O tempo passou, e o guri já atento a tudo e com a esperança de ver que seu pai tinha razão, assistia mais e mais escândalos envolverem aquela turma toda, especialmente um que era bem importante e poderoso, e assim ficava cada vez mais decepcionado com a situação. Preferia acreditar que estavam todos errados, seus amigos da escola e toda aquela gente indignada que acusava a turma daquele amigo barbudo do papai. No fundo, aquilo tudo estava destruindo todos seus conceitos infantis e o ajudando a amadurecer, poderia sair disto mais forte do que entrara.
- Pai, porque tanta coisa aparece no noticiario falando sobre corrupção envolvendo essa sua turma de amigos, desse julgamento que nunca acaba? Eles continuam sendo acusados injustamente?
- Sim filho- dizia já sem muita convicção na voz.
- Porque seus colegas do tribunal não concordam com o senhor?
- Não sabem ver as coisas como o papai pode ver- e isso soava estranho até para o próprio pai.
- Então esse país que a gente mora só tem gente ruim, que acusam outras pessoas de coisas que elas não fazem, não é pai?
- Sim, é sim.
- Mas então como vou poder ter amigos se todos são ruins? Pai, e você também vai ter que trabalhar com tanta gente ruim ao seu lado? Só os seus amigos são bons?
Chegaram na mesma encruzilhada de antes e não havia mais como adiar a escolha. Ela tinha que ser feita. Ser magistrado era fácil, difícil era explicar as escolhas pessoais. Manter a integridade e a isenção que exigia o cargo- e a pose de herói- tendo que manter o comprometimento com seus companheiros, era o grande desafio. Isso exigia um enredo rocambolesco que somente faria a cabeça do guri sair fora do eixo.
O pai sabia que não conseguiria explicar toda a verdade envolvida ao filho ainda inocente. Sabia que era cedo ainda para fazê-lo entender todas as encruzilhadas que uma vida tem quando se sai fora do eixo. Do eixo moral, ético, íntegro, isento, do eixo 'burguês' que ele mesmo fazia questão de viver, com uma conta bancária gorda, mordomias e luxos aos quais ele pai, e todos os seus companheiros fazem questão de viver a cada dia. Como explicar ao filho que enquanto eles acreditam que tudo isso pode ser feito em nome de uma causa, aos demais cidadãos excluídos do poder, não vale o mesmo raciocínio? Como explicar que seus companheiros pregam uma igualdade que não existe, e nunca vai existir, pois eles mesmos são diferentes em seus privilégios? E sobre seu trabalho, como explicar que suas preferencias pessoais estão de acordo com a ideologia de seus companheiros exatamente num ambiente em que isto não deveria ocorrer, pois coloca em risco um dos pilares da democracia? Também seria complicado explicar como um condenado pode continuar exercendo seu poder político.
Resolveu então:
- Filho, o papai não tem como explicar quem é bom ou quem é mau neste momento. Vamos esperar o julgamentos dos embargos e assim podemos saber o que vai acontecer com os meus companheiros.
- Mas papai, você já me pediu para esperar antes... E o que vi sobre eles neste tempo não foi bom.
- É um mundo complicado filho... Você um dia vai entender...
Sabedor do mundo fétido em que estava envolvido, preferiu manter o guri alheio a verdade e sempre jogaria com o tempo a seu favor, a fim de que este o ajudasse a diminuir o ímpeto curioso que poderia comprometer suas relações.
E assim renunciava a sua missão de pai, a fim de que na escola, devidamente aparelhada pela ideologia, lhe fizessem o grande favor de manter o guri dentro do eixo companheiro.

Essa é uma obra de ficção e qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência!




quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Jacornélio M. Gonzaga: O Mendacium


Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Jacornélio M. Gonzaga

“Na mentira patológica, o ato de dizer mentiras é com freqüência um fim em si mesmo. Um mentiroso que mente deliberadamente sabe que mente, ao passo que um mentiroso patológico pode não saber."

Na mitologia grega, PROMETEU, filho do Titã Jápeto e de Clímene, era primo de ZEUS (Júpiter), o deus que mandava no Monte Olimpo, que embora fosse bem mais alto que o Morro do Alemão, sem teleférico e longe da Linha Amarela, era a morada dos doze deuses chefões daquela quadra do tempo.

À época, só existiam os deuses e seus familiares, portanto ninguém trabalhava. Depois da “intentona” dos Titãs, o socialismo bolivariano foi implantado e os moradores do Olimpo, que continuaram sem trabalhar, passaram sentir a falta de artigos de primeira necessidade. Historiadores citam que houve até a necessidade da importação de papel higiênico. ZEUS, muito preocupado com o andar da carruagem, e sentindo a necessidade de cobrar novos impostos, para sustentar as diversas bolsas do Olimpo, resolveu povoar o planeta Terra, dando a seu primo – PROMETEU - a missão de educar os mortais, que seriam a nova fonte de recursos.

Antes de roubar o fogo de ZEUS – no sentido literal da palavra – para dá-lo aos homens, PROMETEU, que era também um grande escultor, resolveu usar toda sua habilidade para esculpir uma nova forma que representasse uma reflexão filosófica de atitude, que ele achava essencial para regular o comportamento das pessoas: aVerdade. Como naquela época o português ainda era restrito aos garrafeiros e “burros sem rabo”, PROMETEU deu o nome de ALETHEIA (Veritas) à sua nova obra.

O preocupado escultor, sentindo-se cansado e sem descendentes com dons artísticos, havia feito uma seleção para uma vaga de “training” em sua oficina. O jovem DOLUS (Trapaça) fora o vencedor da acirrada concorrência, tendo demonstrado, de imediato, suas características de interesse e astúcia.

Trabalhando incessantemente em seu ateliê, o dedicado CEO (1) da humanidade dava os últimos retoques em ALETHEIA, quando foi convocado por ZEUS para comparecer, com urgência, ao Olimpo. Como hoje, já naquela época, atender ao chefe tinha caráter emergencial; e lá se foi o diligente escultor em direção ao Olimpo, sabendo que teria de encarar uma baita subida, passando por encardidos becos, sempre disputado por facções rivais.

DOLUS, sentindo no afastamento de PROMETEU a sua grande oportunidade para mostrar serviço ao mestre, aproveitou o tempo para moldar uma réplica de VÉRITAS, copiando todas as características com apurado esmero. A pequena estátua estava ficando idêntica, mas um imprevisto aconteceu: PROMETEU foi assaltado quando cortava caminho por uma das vielas da “comunidade” (2) da Rocinha e retornou ao ateliê para buscar mais dinheiro para dar aos ladrões, caso fosse abordado novamente.

Apavorado com o repentino retorno do mestre, DOLUS sentou-se sobre a réplica, o que ocasionou dano às partes inferiores da peça - os pés. Estudiosos de mitologia dizem que houve também o esmagamento do dedo mínimo da mão esquerda.

Desconfiado, o Antônio Francisco Lisboa (3) da época mandou que seu estagiário se levantasse, tendo ficado admirado com a perfeição da réplica elaborada pelo aprendiz. Mas, a fim de comprovar a semelhança, colocou as duas estatuetas no forno e, quando estavam completamente cozidas, infundiu-lhes a vida.

VERITAS deu seus primeiros passos com firmeza, ao contrário de sua estátua gêmea que, por ser uma falsidade, uma ilusão, um produto de subterfúgios, após cambaleantes passos, empacou, não mais conseguindo sair do lugar.

PROMETEU batizou a grotesca imitação com o nome de PSEUDOLOGOS, em homenagem aos espíritos especializados em farsas, mentiras e engodos; posteriormente, os romanos deram o nome de MENDACIUM (Falsidade) àquela divindade grega da dissimulação.

Passam-se os anos, os séculos, os milênios e chegamos aos dias atuais e lá encontramos o MENDACIUM de Garanhuns (Caetés), o deus, que mesmo nunca sabendo de nada, é o responsável pelo(a): pagamento da dívida externa; autossuficiência energética (incluindo o petróleo); inclusão de milhões e milhões de pessoas na classe média; total erradicação da pobreza; fim da inflação; saúde pública de primeiro mundo, que “dá vontade ‘dagente’ ficar doente”; segurança pública em nível suíço; educação modelo Coréia do Sul; e, blá. Blá, blá.....

O MENDACIUM de Garanhuns não é um mentiroso patológico, ele mente deliberadamente e sabe que mente. Suas mentiras têm o aval e a colaboração do séquito de daimones que compõe a corte petralha; e dos aproveitadores e vendilhões que manobram a política “Panis et Circensis”, em voga na Ilha de Vera Cruz.

O dito popular nos ensina que a MENTIRA tem pernas curtas e os gregos e romanos nos passaram que ela não tem pés, assim sendo, acredito que, de vez em quando, alguma coisa falsa pode começar com sucesso e nos enganar alguns anos, mas com o tempo, VÉRITAS (VERDADE) é a certeza da vitória.

(1) CEO é a sigla inglesa de Chief Executive Officer, que significa Diretor Executivo em português. CEO é a pessoa com maior autoridade na hierarquia operacional de uma organização. É o responsável pelas estratégias e pela visão da empresa.

(2) Nome politicamente correto dado às favelas na Grécia antiga.

(3) O Aleijadinho

Jacornélio é especialista em história grega. Concorreu a uma bolsa de estudos no Oráculo de Delfos, na Grécia. Por não ser filiado a ParTido foi preterido. Em função disso, fez seus estudos mitológicos em OLÍMPIA/SP. 


Revisão: Paul Essence e Paul Word Spin (in memoriam).

terça-feira, 6 de agosto de 2013

O roto falando do rasgado

Estupefato! Não deveria, mas é uma miséria humana, uma tragédia rocambolesca. Se já não bastasse o mar de lama em que nos enterraram, me desencanto vendo os militantes que apóiam os PeTralhas, muitos devem ter uma BolsaBlog ou BolsaNinja, em festa! 
Antes de continuar já vou declarando, sim, caso seja comprovada a participação dos "inimigos tucanos" estarei na torcida pela devida punição, e mais, continuarei protestando contra nosso sistema político que protege o corrupto, seja de qual bandeira ou sigla ele for. Não tenho mais comigo essa afinidade partidária que tinha na década de 90, pois admirei muito o pragmatismo do Plano Real, com sua vitória sobre o caos inflacionário e sua responsabilidade, mau explorada, sobre os avanços econômicos dos governos posteriores. Agora consigo ver melhor o contexto, e o que vejo não me agrada mais. Nada disso, que temos para hoje, faria parte do meu cardápio.
Continuando sobre a festa degradante deflagrada pela mídia chapa branca, é triste demais ver o roto falando do rasgado. A situação fica quase surreal se traduzida assim, os tucanos e sua turma roubam e não dividem o butim com ninguém, mas nós, os petistas roubamos também, mas dividimos o butim com vocês. Votem nos ladrões de lá e fiquem na miséria, votem nos ladrões de cá que deixamos você fazer compras com carnês no comércio e empréstimos no banco. Este poderia ser muito bem o discurso, se essa militância fosse sincera. Contudo não termina por aí, existe também a estratégia revolucionária misturada nos discursos daqueles mais letrados, ou doutrinados, pela cultura de esquerda, o discurso de que esta corrupção, quando é externa ao partido, é uma atitude egoísta das elites oligárquicas que deve ser punida no mais absoluto rigor, mas quando existe uma denuncia de corrupção que envolva alguém comprometido com o "projeto" de poder, passa a ser uma mentira para derrubar as conquistas da massa, uma "invencionice" da mídia golpista, uma falácia dos poderosos que sempre roubaram o país e para coroar a ética invertida, uma desapropriação necessária para os interesses da causa popular...
Abrindo um parêntese, quero expressar a decepção com a tal mídia golpista, pois além dela ser fruto do imaginário, ela ainda tem muitos infiltrados de esquerda na mesma, ou seja, são coniventes. Uma pergunta: Alguma mídia golpista pesquisou a fundo os financiadores do Foro de SP? Essa mídia golpista esqueceu a relação intima das Farcs (terroristas e traficantes) com o PT? Estamos falando sobre soberania nacional, assunto que não é moda, mas sim tão essencial como a liberdade de imprensa. Assim é até injusto chamar a mídia conivente como golpista... Fechando parêntese.
Como já comentei em post anterior, a idéia é trazer a oposição ao mesmo ninho de ratos habitado pelo governo, eles se igualam nos crimes de corrupção, são iguais no delito, é uma tática de redução onde todos estão reduzidos ao mesmo nível (degradante) de avaliação moral (ou amoral).
A partir desta redução, o governo move sua máquina de alto escalão, que possui acesso a todos os microfones e gravadores da grande imprensa (a tal golpista), e assim pode fazer um trabalho orquestrado atiçando a fogueira a seu favor e apagando o fogo da própria roupa. A militância da mídia chapa branca apóia com seu poder de fogo nas redes sociais, completando a tentativa de conquista dos corações e mentes dos deslumbrados com a festa do consumo.
É triste ver ao que estamos nós, o povo, reduzidos. Reféns de aves de rapina que adoram expropriar o dinheiro dos impostos, que seriam investidos em melhores serviços, para coloca-lo em seus próprios bolsos. Essas aves comem nossos olhos, fazendo-nos ver somente os que lhes agrada, por mais que existam escândalos para manter o aspecto de realidade. Essas aves comem nosso cérebro, nos fazendo de idiotas satisfeitos com esmolas enquanto a riqueza permanece nos palácios do planalto central. Essas aves comem nosso fígado, nos deixando intoxicados pelo veneno da utopia populista que nos fazem engolir.
Vejo que, além deste absurdo da festa dos rotos sobre a possível cumplicidade dos rasgados, estamos estagnados na velha, e infelizmente persistente, discussão de uma solução única, salvadora, do coletivo contra o liberalismo, de uma idéia grandiosa e perfeita, que supere a idéia grandiosa e perfeita dos outros. O que vimos na rua, quando espontâneo, foi o oposto disto, pediram o simples, o pragmático, uma solução direta, sem filosofias embutidas.
Sabemos que não basta estalar um dedo, mas tenho uma torcida enorme para que esse furacão arraste para longe essas aves parasitas. Já seria um bom começo, pois temos ainda muitos infiltrados nas universidades, imprensa, produção cultural, sindicatos e associações de classe plantando pensamentos ultrapassados na cabeça dos jovens. Plantando a idéia de que todos somos unidos por baixo e que para resolver essa miséria basta rejeitar a elite egoísta e aderir ao projeto da nova elite benevolente.
Esqueceram de avisar que quem acordou já sabe que nenhuma elite política apodrecida pela corrupção, entrevada na ganância, na inoperância, na incompetência e no corporativismo vai ter vida longa, qualquer que seja cor de sua bandeira do atraso.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Conversa de maluco?

Para iniciar meu post, gostaria de citar partes do relatório de apresentação da pesquisa CNI/Ibope que andou circulando recentemente.

Seguem trechos da pesquisa:


Avaliação do Governo Dilma Rousseff:

• Áreas que o governo tem melhor desempenho: Habitação; Combate à fome e a
miséria; e Capacitação Profissional
• Áreas que o governo tem o pior desempenho: Saúde; Segurança pública; e
Educação.
• Prioridades para o governo federal: Melhorar os serviços de saúde; Combater a
violência e a criminalidade; Combater a corrupção; e Melhorar a qualidade da
educação.

Tributação, disponibilidade e uso de recursos públicos:

• 74% da população acreditam que a presidente e seus ministros, bem como osgovernadores e seus secretários utilizam mal ou muito mal os recursos públicos
- No caso dos prefeitos e seus secretários esse percentual é de 70%.
• 87% da população concordam total ou parcialmente com a afirmação de que “ogoverno já arrecada muito e não precisa aumentar mais os impostos para melhoraros serviços públicos”
• 82% concordam total ou parcialmente que “a baixa qualidade dos serviços públicosdeve-se mais à má-utilização dos recursos públicos do que à falta deles”
• 89% discordam total ou parcialmente que “para melhorar os serviços públicos épreciso aumentar os impostos” 
• 91% acham que os impostos no Brasil são elevados ou muito elevados


Voltando ao post:

Para facilitar, a própria pesquisa diz que a população tem um nível regular de compreensão das responsabilidades das esferas federal, estadual e municipal, mas acha que todas devem ser cobradas igualmente. Bom então a pergunta pode ser generalizada.
Houve alguma correspondência entre as demandas daqueles que falaram nas ruas e as respostas daqueles que se escondem nos gabinetes? 
Na minha opinião parece conversa de maluco. 
-Ei, por onde anda Napoleão? -Diz um.
-Ah! É com gelo e limão! - Fala o outro.
Como postei no início, são raposas astutas, sabem se esgueirar no perigo e roubar a galinha na calmaria (se é que hoje em dia esperam para assaltar os cofres públicos).
Mas toda essa tempestade foi muito oportuna para nosso Ali Babá tupiniquim, afinal o Rosegate esfriou e ele pode ficar calado por mais um tempo. Para um "santo" basta calar-se para que seus pecados se tornem falácia do diabo.
Se nada mais surpreendente ocorrer, resta-nos esperar pelas urnas. Até lá algumas perguntas ainda podem estar sem resposta, e se o caldeirão das ruas não continuar fervendo, temo pelas escolhas dos deslumbrados.
E de conversa de loucos continuarão cheios os blogs e facebooks na nova mídia, a internet. Os seguidores fanáticos do messianismo petista continuarão a propagar os avanços sociais (muito bem vindos por sinal) como se os mesmos pudessem justificar o imenso descaso com o resto da (indi)gestão pública. Sou grato aos avanços sociais, contudo, sou totalmente contra esse governo, uma quadrilha de larápios e irresponsáveis matando pessoas nos hospitais públicos pois não cumprem nem a lei que determina 10% do orçamento destinados a saúde. Isso para ficarmos num sinistro exemplo somente. 
E sobre o discurso da oposição? Mas que oposição? Como opositores vejo apenas uma grande bando de invejosos com vontade de entrar na festa do enriquecimento privado através dos bens públicos. Poucos nomes ainda me valem uma consideração. Mas nomes acabam, morrem, se aposentam, se retiram, e aí mais uma pobreza, onde estão os ideais? De partidos de aluguel e de alma vendida estamos repletos... Onde estão os partidos políticos de verdade? 
É... Novamente a polarização vai acabar por nos estreitar as escolhas entre PeTralhas e Privatarias... Talvez uma Marina ou um Eduardo? Mas qual seria então a diferença do governo deles, senão por acabar utilizando os mesmos mecanismos arcaicos e viciados de que dispomos no momento? Mecanismos políticos que atrasam um país inteiro, recheado de oportunidades de trabalho e desenvolvimento, mas também um país em que suas elites políticas não enxergam (a propósito o LULA é da ELITE que ele tanto escorcha cinicamente - vide seus vôos financiados pelas nossas empreiteiras). Uma mecanismo lesado onde é preciso compor um congresso escravo, onde se vendem Ministérios por votos de cabresto, onde os partidos e os políticos podem encher seus bolsos com muito mais dinheiro do que aquele que se destina ao bolsa esmola. Esmola pois os pobres continuam precisando de favores governistas, clientes de um mecanismo enferrujado e achando tudo muito lindo ate que os erros apareçam na forma de inflação, recessão (interna ou externa), dívidas atrasadas, filas nos SUS, crianças semi analfabetas, etc... -Ora, esses traidores do povo! Precisamos de um novo Salvador da Pátria!
Um novo Getúlio, Jango, Collor, Lulla, etc.
Como eleitor não posso escolher qual modelo de crescimento eu desejo, sou obrigado a escolher qual modelo de atraso me prejudica menos, ou mesmo que me ajude com um bolsa algo, é um modelo de atraso.
Se voltarmos a pesquisa citada acima veremos que o índice de insatisfação com os serviços públicos básicos são muito expressivos, andamos mancos, pois enquanto a perna do ganho pessoal dos pobres os elevou de classe, a perna do desenvolvimento dos serviços básicos andou de lado. Os serviços particulares ainda estão fora de alcance da grande maioria e quando se recorre aos serviços públicos, estes se encontram (com raras exceções) em petição de miséria.
Eu estou de saco cheio de ver cegos malandros guiando cegos ingenuos, pois ambos cairão no precipício. E vão arrastar o resto de nós...
Voto por mudanças em duas etapas, a primeira pela vergonha na cara de começar a se cuidar urgente dos nossos serviços públicos de forma séria, e a segunda, e não menos importante, para que se mude radicalmente o modo de se ver e de se fazer política. Partidos que aglutinem ideais de desenvolvimento bem elaborados, e que tenham em seus quadros pessoas comprometidas com esses ideais.
Sinto-me jovem, pois busco uma utopia! Estou feliz em ser um pouco ingênuo e ter coragem de acreditar. Mas sinto-me maduro também, e sei que nem tudo será viável. E continuarei feliz se ao menos tomarmos consciência desta realidade e continuarmos a buscar essa democracia da nova era.

sábado, 20 de julho de 2013

Um olhar estrangeiro e o populismo messiânico!

Cansado de ler críticas somente de brasileiros, onde muitos acabam por polarizar os males políticos brasileiros entre os dois partidos protagonistas PT e PSDB, fui procurar análises entre nossos vizinhos sul americanos sem esse vício, e na leitura de um texto de um analista econômico peruano sobre as causas dos protestos aqui no Brasil,  me chamou atenção um comentário do blog que transcrevo a seguir, bem como sua tradução livre.

Profesor Parodi, realmente la situación de Brasil esta asi porque sus ultimos gobiernos se basaron en un populismo barato , en un reparto de dinero estatal facil, sin crear empleo ni mejorar los servicios basicos de infraestructura que necesitaba su poblacion. El regalo de los bienes publicos, aunado a una corrupcion generalizada los han llevado a una quiebra presupuestal y como el Pais no esta creciendo lo suficiente ahora se reparte pobreza. Ya Dilma Rousseff anuncio un recorte de gastos de 7000 millones de dolares para el proximo año. Como si fuera poco, la inflacion esta incontrolable en casi 7% y el Banco Central acaba de subir la tasa de interes a 8.5% , la segunda tasa mas alta del mundo.
Si a esto sumamos la corrupcion reinante en el Partido de los Trabajadores (socialista de Lula) la situacion se torna realmente critica y hoy Brasil es una bomba de tiempo. Esta politica populista , deberia ser la voz de alarma para el Gobierno de Humala, sobre todo ahora que se esta creciendo menos, que no hay inversion ni confianza empresarial, pero eso si bastante corrupcion y una leccion para todos nosotros porque un pueblo que elige corruptos no es victima ....sino complice !!!!!.



Professor Parodi, na verdade, a situação no Brasil está assim porque seus últimos governos foram baseadas em populismo barato, em uma divisão fácil do dinheiro do Estado, sem a criação de postos de trabalho ou a melhoria dos serviços de infra-estrutura básicas necessárias a sua população. A dádiva dos bens públicos, juntamente com a corrupção generalizada levaram à falência do orçamento e como o País não está crescendo o suficiente, agora distribui pobreza. Agora Dilma Rousseff anunciou um corte de custos de sete bilhões de dólares para o próximo ano. Para piorar a situação, a inflação é galopante em quase 7% e o Banco Central acabou de elevar a taxa de juros para 8,5%, a segunda taxa mais alta do mundo.
Se somarmos a corrupção que prevalece no Partido dos Trabalhadores (Socialista de Lula), a situação torna-se muito crítica, e hoje o Brasil é uma bomba relógio. Esta política populista, deveria ser o alarme para o governo de Humala, especialmente agora que ele está crescendo menos, que não há investimento nem confiança empresarial, mas há muita corrupção e uma lição para todos nós, porque um povo que elege corruptos não é vítima .... mas cúmplice!.


Achei muito interessante seu texto, muito por ser um olhar estrangeiro em que ele critica o populismo dos últimos governos brasileiros. Provavelmente sabe do que fala pois o populismo é uma praga latino americana. Em paralelo a sua visão sobre o Brasil e preocupado com a situação política peruana, acaba por nos revelar  um ponto de vista sobre os eleitores, peruanos e brasileiros, afirmando que um povo que elege corruptos não é vítima, e sim cúmplice! 
Podemos rebater essa culpa alegando desconhecimento ou ingenuidade na primeira vez que se elege uma quadrilha corrupta, mas não temos mais como fugir se os reelegemos duas vezes!!! Somos muito cúmplices!!!
Mesmo que como indivíduo não se tenha votado nos governos corruptos-populistas, todos somos parte do conjunto de eleitores, e nossos compatriotas somaram uma maioria que embarcou no discurso. Como povo, o brasileiro credenciou a corrupção e o populismo como um efeito colateral tolerável a fim de manter suas conquistas socio-econômicas. Se é deslumbramento, ingenuidade, conformismo ou cumplicidade, ou tudo junto, eu cada vez mais me convenço da nossa imensa imaturidade democrática. 
Não pretendo isentar ninguém, mas seria importante entender que grandes setores de nossa sociedade ainda devotam ao mito Lula uma aura de santidade. No fim, vale tudo, se fingir de cego, surdo e mudo frente aos escândalos infindáveis e ainda assim possuir uma popularidade carismática que lhe perdoa qualquer tipo de pecado. Vale tudo para vencer o mal, os tucanos "neoliberais", a mídia não comprometida com o projeto de poder, a resistência da classe média mais esclarecida (reacionários liberais) e qualquer outro inimigo, e para ser um inimigo da causa, basta não ser um companheiro (ou camarada) ou ser acusado por eles de ser "das elite".
É só lembrarmos que por muitos seguidores do lulismo, o Mensalão nada mais foi do que uma invenção das elites ou uma conspiração da oposição. Chegamos a ser chamados de estúpidos pelos militantes por reclamar do descaso com a educação e o sucateamento da saúde pública, pois qual era a responsabilidade do Lula? Nenhuma, pois tudo se deve a uma herança maldita do Fernando Henrique, e mesmo que o Lula governe por mais uma década, continuará a ser. A certeza da santidade de Lula era tanta que Marta Suplicy afirmou que Lula não era nada menos que um deus (minúsculo mesmo) durante a campanha para a prefeitura de São Paulo. "Nenhum pecado pode ser atribuído ao messias que veio nos governar para nos trazer todas as bênçãos que nos anunciou". Nem a profusão de escândalos durante seu governo, e agora durante o governo de sua marionete, era suficiente para detonar sua popularidade. Ou o povo estava sob hipnose coletiva ou aderiu a causa lulista mesmo sabendo de seus gigantes desvios de conduta. Houve de tudo, corrupção aos borbotões, descaso com meio ambiente, os sanguessugas da saúde, da educação, dos sindicatos, bancos e até os dossiês falsos (dos aloprados) para ajudar na idéia de que se todos estavam no mar de lama da corrupção, inclusive os adversários do PSDB, era melhor ficar com os ladrões amigos, que ajudam ao povo a garantir seu pedacinho de dignidade. Dignidade?!? Existe dignidade nisto, ser manobrado como um bando?
O velho ditado, "quem nunca comeu melado, quando come se lambuza", se aplica tanto a todos os tipos de deslumbrados, como também às novas elites populistas. Os primeiros por serem conformados com o pouco que lhes coube e terem medo de eleger outro modelo de governo que lhes tolha a capacidade de consumir bens e serviços. Os segundos por terem ido com tanta sede ao pote que acabaram se melando de forma tão grosseira que fizeram muitos dos deslumbrados, e até mesmo os ingênuos, a acordarem de seu encantamento conformista.
Aos que se sentem felizes por terem deixado a miséria para compor uma classe de cidadania, apenas digo que melhor seria que seguissem o conselho de Lula no New York Times, queiram sempre mais. Não se contentem com um papai malandro com cara de bonzinho que deixa uma mesada pra comprar pirulito, queiram muito mais!! 
Precisamos de políticos mais comprometidos com o desenvolvimento deste país, com o crescimento econômico e com o amadurecimento de nossas instituições republicanas. Precisamos de muito mais!!
O populismo é arcaico, se define por um líder carismático que acaba por perpetuar a estratégia romana de pão e circo, é oportunista e pensa no curto prazo, pois seus líderes precisam se dar bem a fim de garantir os recursos para se manterem no poder e também obter uma poupança para uma possível debandada. Depois de Getulio Vargas, um populista bem sucedido, considerado o pai dos pobres, muitos mantiveram esse discurso a fim de se colocarem à parte de qualquer estrato social.  Mas se antes o acesso a informação era mais difícil e controlado, e cair na falácia era provável, hoje a internet acelerou a disseminação das informações, e agora a falácia pode ser descortinada na velocidade das fotos e filmes dos celulares espalhados pelas ruas, escolas e hospitais. As denúncias são igualmente espalhadas pelas redes sociais, e mesmo contestadas, mostram realidades diferentes da propaganda. A parte de tudo isso, o populismo sobreviveu até o momento em que o inconformismo foi crescendo até eclodir no grito das ruas deste junho.
Mas ainda não vencemos o populismo, ele está presente no lulismo, vimos que no lulismo a figura de pai transcende para a de santo (=separado) protetor e como tal isento de pecados. Quem peca sempre é o partido 'dele', seus amigos, parentes, mas nunca ele. Vemos seus colaboradores mais íntimos assumindo a bronca para deixar o "santo" realmente separado de seus pecados. Uma heresia! Um modelo populista que parece ser ungido pelas massas que lhe conferiram uma carta branca para se apropriar dos bens do Estado para proveito próprio, como se estes estivessem no quintal das casas deles.
Não menos ruim, assistimos boa parte de nossos partidos políticos se venderem para conseguir benefícios junto ao poder vigente, o que demonstra o caráter populista aproveitador dos mesmos, pois jamais levaram em conta seu próprio conteúdo dogmático aderindo ao poder mesmo que tenham visões políticas antagônicas (quando as tem). Assim nossa realidade democrática possui de um lado, partidos de aluguel a disposição de qualquer líder carismático do momento e de outro, líderes carismáticos esperando sua oportunidade de surfar na onda do momento. Nossa política esteve a mercê de um populismo messiânico até o momento. E essa conta vai sair cara para restagarmos. Resta-nos saber se a maioria acordou do transe, e as vestes celestinas do lobo já não escondem mais seus pelos. Resta-nos rezar para que o basta estrondoso das ruas ecoe por tempo suficiente para evitar novas investidas destes, e dos demais, predadores a espreita.





quinta-feira, 18 de julho de 2013

Arnaldo Jabor: A insustentável herança maldita


Sou fã da eloquência, como se estivesse contando uma estória num gostoso bate papo de fim de tarde...
Também concordei com o ponto de vista dele no artigo. Nossa democracia messiânica...
ARNALDO JABOR - O Estado de S.Paulo 16/07/13
O que aconteceu com esse governo foi mais um equívoco na história das trapalhadas que a esquerda leninista comete sempre, agora dentro do PT. O fracasso é o grande orgulho dos revolucionários masoquistas. Pelo fracasso constrói-se uma espécie de 'martírio enobrecedor', já que socialismo hoje é impossível. Erraram com tanta obviedade (no mensalão por exemplo ou no escândalo dos 'aloprados'), com tanto desprezo pelas evidências de perigo, tanta subestimação do inimigo, que a única explicação é o desejo de serem flagrados. Sem contar o sentimento de superioridade que se arrogaram sobre nós, os 'alienados burgueses neoliberais'.
Conheço a turminha que está no poder hoje, desde os idos de 1963, e adivinhava o que estava por vir. Conheci muitos, de perto.
Nos meus 20 anos, era impossível não ser 'de esquerda'. Nós queríamos ser como os homens heroicos que conquistaram Cuba, os longos cabelos de Camilo Cienfuegos, o charuto do Guevara, a 'pachanga' dançada na chuva linda do dia em que entraram em Havana, exaustos, barbados, com fuzis na mão e embriagados de vitória.
A genialidade de Marx me fascinava. Um companheiro me disse uma vez: "Marx estudou economia, história e filosofia e, um dia, sentou na mesa e escreveu um programa racional para reorganizar a humanidade". Era a invencível beleza da Razão, o poder das ideias 'justas', que me estimulava a largar qualquer profissão 'burguesa'. Meu avô dizia: "Cuidado, Arnaldinho, os comunistas se acham médiuns, aquilo parece tenda espírita...". Eu não liguei e fui para os 'aparelhos', as reuniões de 'base' e, para meu desespero, me decepcionei.
Em vez do charme infinito dos cubanos, comecei a ver o erro, plantado em duas raízes: ou o erro de uma patética organização estratégica que nunca se completava e, a 'margarida que apareceu' agora com todo esplendor: a Incompetência (com 'i' maiúsculo), a mais granítica, imaculada incompetência que vi na vida. Por quê? Porque a incompetência do comuna típico é o despreparo sem dúvidas, é a burrice alçada à condição de certeza absoluta. É um ridículo silogismo: "Eu sou a favor do bem, logo não posso errar e, logo, não preciso estudar nem pesquisar". Por que essa incompetência larvar, no DNA do comuna? Porque eles não lutam pelo 'governo' de algo; lutam pelo poder de um futuro que não conhecem. O paradoxo é que odeiam o que têm de governar: um país capitalista. Como pode um comuna administrar o capitalismo? O velho stalinista Marcos Stokol confessou outro dia no jornal: "O PT entrou no governo porque queremos mudar o Estado". Todos os erros e burrices que eu via na UNE e nas reuniões do PC eram de arrepiar os cabelos. Eu pensei horrorizado quando vi o PT no poder: vão fornicar tudo. Fornicaram.
E olhem que estou me referindo apenas ao 'rationale' básico, psicológico, de uma 'boa consciência' incompetente que professam. Sem mencionar a roubalheira justificada pela ideologia - "desapropriar os bens da burguesia para nossos fins". A fome de uma porcada magra invadindo o batatal - isso eu não esperava.
Como era fácil viver segundo os escassos 'sentimentos' catalogados pelos comunas: ou o companheiro estava sendo 'aventureiro' ou 'provocador' ou então era 'oportunista, hesitante, pequeno-burguês' ou sectário ou 'obreirista' ou sei lá o quê. Era fácil viver; ignorávamos os ignorantes, os neuróticos, os paranoicos, os psicopatas, os burros e os sempre presentes filhos da p... Nas reuniões e assembleias, surgia sempre a voz rombuda da burrice. Aliás, burrice tem sido muito subestimada nas análises históricas. No entanto, ela é presença obrigatória, a convidada de honra: a burrice sólida, marmórea. Vivíamos assediados por lugares-comuns. O imperialismo era a 'contradição principal' de tudo (vejam o ardor com que condenaram a 'invasão americana' de nossos segredos de Estado há pouco. Quais? Quanto a Delta levou, onde está o Lula?). As discussões intermináveis, os diagnósticos mal lidos da Academia da URSS sempre despencavam, esfarinhavam-se diante do enigma eterno: "O que fazer?". E ninguém sabia.
E veio a sucessão de derrotas. Derrota em 64, derrota em 68, derrota na luta armada, derrotas sem-fim.
Até que surgiu, nos anos 70, uma homem novo: Lula, diante de um mar de metalúrgicos no ABC. Aí, começou a romaria em volta da súbita aparição do messias operário, o ungido. Lula foi envolvido num novelo de ideologias e dogmas dos comunas desempregados, desfigurando de saída o que seria o PT.
Quando comecei a criticar o PT e o Lula, 'petralhas' me acusaram de ser de direita, udenista contra operários. Não era nada disso; era o pavor, o medo de que a velha incompetência administrativa e política do 'janguismo' se repetisse no Brasil, que tinha sido saneado pelo governo de FHC. Não deu outra. O retrocesso foi terrível porque estava tudo pronto para a modernização do País; mas o avião foi detido na hora da decolagem. Hoje, vemos mais uma 'revolução' fracassada; não uma revolução com armas ou com o povo, mas uma revolução feita de malas pretas, de dinheiro subtraído de estatais, da desmoralização das instituições republicanas. Hoje, vemos o final dessa epopeia burra, vemos que a estratégia de Dirceu e seus comparsas era a tomada do poder pelo apodrecimento das instituições burguesas, uma espécie de 'gramscianismo pela corrupção' ou talvez um 'stalinismo de resultados'.
O perigo é que os intelectuais catequizados ainda pensam: "O PT desmoralizado ainda é um mal menor que o inimigo principal - os tucanos neoliberais".
Como escreveu minha filha Juliana Jabor, mestra em antropologia, "ajudado por intelectuais fiéis, Lula poderá se apropriar da situação com seu carisma inabalável, para ocupar a 'função paterna' que está vaga desde o fim do seu governo. Pode ser eleito de novo e a multidão se transformará, aí sim, em 'massa'. O 'movimento' perderá o seu caráter de produção de subjetividades e se transformará numa massa guiada por um líder populista".

domingo, 14 de julho de 2013

‘Meio médico, meio escravo’, um texto de Fernando Reinach

Esconder a incompetencia da gestão da saúde publica, jogando a conta pra cima dos médicos foi estúpido e rasteiro. Já li blogs reclamando da rejeição dos médicos em trabalhar fora dos grandes centros. Ser médico é uma atividade profissional ou me engano? Que absurdo estamos vivendo, onde as liberdades individuais são tratadas tão banalmente?
Ainda bem que alguns médicos, mesmo que motivados pelas suas crenças profissionais, estão enfim colocando a discussão em pauta. Digo isso não porque não concorde com os protestos dos médicos, mas sim porque o que querem fazer no ato médico não diz respeito somente a classe médica, mas a todos nós que prezamos nossa liberdade de decidir nosso destino.
A China lançou o capitalismo de estado socialista, agora querem inovar com uma ditadura democrática... Que frankenstein político é esse? Votam cerceando liberdades como se fosse algo natural e obvio. E pior que é um congresso eleito pelo voto direto. Que país é esse?

Leiam este texto no blog do Augusto Nunes e reflitam sobre isso...

‘Meio médico, meio escravo’, um texto de Fernando Reinach

sábado, 13 de julho de 2013

Eu quero muito mais, e você?

Estive estudando tudo que pesquisei sobre política desde o fim dos governos militares. Infelizmente somos obrigados a olhar para trás para entender melhor o que acontece hoje quando não temos domínio sobre algum tema dinâmico como política e sociedade. Porém isso não impede ninguém de possuir espírito critico, ainda mais sobre assuntos notoriamente perniciosos.
Todo o movimento popular recente mostra que esse espírito critico aflorou, e por mais que estejam quase todos em suas casas esperando para ver o que será feito, sabemos que os olhos não estão mais vendados, as bocas não estão caladas e essa força permanece nos teclados (ou nas canetas) daqueles que se dispõe a publicar o que pensam. Vejo colunas e blogs cada vez mais lúcidos, críticos mais ousados e pessoas comentando com mais ênfase suas idéias e decepções.
No meio desta nova onda, muitos radicalizam por não aceitarem mudar de opinião, parece que existe um certo temor, como se fossem mudar de time de coração, um verdadeiro rebuliço entre os colegas e amigos. Mas mudar de opinião na política não deve seguir esse padrão, mudança de opinião geralmente acontece quando descobrimos fatos graves ou constatamos as verdadeiras consequências de políticas que se mostram equivocadas, ou mais grave ainda, eram pura falácia em que acreditava-se com fervor. Assim mudar nosso ponto de vista mostra um melhor nível de consciência. 
Este espírito critico, que estou feliz em ver atuando em muitos, deveria se tornar nosso dia a dia, nosso padrão como sociedade, pois esse é o verdadeiro espírito democrático, a pluralidade de idéias em favor da formação de uma convivência mais equilibrada. Como um 'brainstorming' para aproveitar a força criativa numa campanha publicitária a fim de se chegar numa idéia que se encaixe melhor aos desejos do cliente, o debate, a crítica, o protesto seriam como o mesmo 'brainstorming' para que formemos uma sociedade mais próxima de nós mesmos e não tão distante como ela se encontra agora.
Se chegamos ao ponto de descobrir que temos uma democracia, mas não temos uma república, um país com suas instituições sólidas, e que esteja decentemente cuidando de seus cidadãos, foi muito por culpa nossa, deixamos nossos líderes messiânicos se apropriarem do estado brasileiro, se aproveitaram do silêncio das ruas. Concordo que nada se deve a um fator apenas, temos a contribuição da fraca atuação do nosso judiciário, atravancado e arcaico, do recolhimento dos nossos militares após a ditadura e também do fato de que nossa mídia procura notícias frescas e tem memória curta, quase sempre deixando que escândalos não sejam cobrados até seu fim. O caso do Mensalão foi uma feliz exceção, mas quantos outros estão abandonados? Cito o caso recente do Rosegate e o silencio do chefe da quadrilha a mais de 200 dias. Por muito menos Collor foi eleito o judas de toda a imprensa na época, e agora temos um elemento bem pior para expor e vejo somente uma única revista disposta a persistir na missão de desmascarar esse quadrilheiro. Muito pouco.
Me custa acreditar que todos engolimos tudo o que passamos em matéria de corrupção, desgoverno, falta de caráter, mentiras e muito mais, devido a popularidade messiânica deste mito, que foi criado somente para que tenhamos mais vergonha ainda da nossa própria cegueira, da nossa própria inércia, da nossa própria falta de iniciativa de ir contra a corrente. Fomos míopes demais se acreditamos que somente existia uma única alternativa. Mesmo quem acreditou no início, não percebeu que o discurso que elegeu esta quadrilha foi abandonado e não se cumpriu quase nada a não ser criar renda para os miseráveis? Mas e o resto? E depois disso? E qual o custo disso, não em moeda, mas em destruição das demais instituições deste país, como os serviços de saúde, educação, portos, estradas, florestas, transportes, um congresso escravo, um judiciário paralisado, uma inflação que cresce e todas as mazelas que agora estão expostas.
Mas tudo que agora se percebe que está errado não sai da cartola de nenhum mágico, já estava aí em degradação já faz algum tempo...
Pelo que pude visualizar desde a eleição de Collor, estamos vivendo uma democracia messiânica, pois não temos partidos de verdade, nem ideologias de verdade, somente uma falsa dicotomia entre esquerda e direita para disfarçar um modelo eleitoral baseado em nomes, pessoas em que depositamos nossas esperanças. Devido a este modelo estamos colhendo muitas frustrações, estas apostas são muito arriscadas e salvo alguns benefícios específicos como o fim da inflação com Itamar e Fernando Henrique e a inclusão social paternalista e ineficiente de Lula, não temos projetos de reformas amplas, que melhorem as mazelas de um estado inchado, corrupto e inepto. Estamos sempre dependentes dos conchavos entre executivo e legislativo e esperando que se sobressaia um nome que nos salve deste inferno.
Até quando ficaremos calados, sem exigir muito mais de nossos políticos e se contentar com tão pouco retorno? Quem idolatra líderes medíocres como Lula, acredita numa realidade de que qualquer esmola vinda de Brasília é um tesouro a ser comemorado. Isso é pobreza de espírito e muita, mas muita, falta de espírito critico.
Eu quero muito mais do que nos foi oferecido até agora, e você, o que quer?

sexta-feira, 12 de julho de 2013

A pedra no escarpim de Dilma

Este blog não se trata de exaltar o seu autor, mas simplesmente ser um modo de colocar lenha na fogueira dos debates sobre política e sociedade. Textos de outros blogueiros e colunistas que provoquem este debate farão parte deste blog. Como estou aprendendo e desenvolvendo habilidades para escrever, farei questão de postar textos que me inspiram.
Estou postando um texto que considero brilhante, de autoria da colunista Ruth de Aquino da revista Época. 
Boa leitura!


Lula versus Dilma
Há uma pedra barbuda no escarpim de Dilma Rousseff, furando a meia-calça. Lula é seu nome. O maior líder popular do Brasil sumiu, escafedeu-se, silenciou sua voz rouca, justamente nas semanas em que o povo acordou da letargia para protestar contra uma herança maldita. Por que se calou o grilo falante em todas as celebrações de conquistas no país e no exterior? Só aparece na boa?
Por que Lula finge que nada é com ele? Por que o criador evitou apoiar a criatura no auge da crise? Por que ficou mudo e invisível, quando a turba se insurgiu, e brasileiros de todas as idades passaram a falar, gritar, discutir e analisar, mesmo aos tropeços e sob o risco de errar?
O Lula que se metamorfoseou em oito anos de mandato e rasgou a bandeira da ética na política... O Lula que suspendeu suas férias para defender o ex-presidente do Senado sob o argumento de que “Sarney não pode ser julgado como homem comum”... O Lula que se locupletou com o corrupto-mor Maluf para eleger Haddad, “o novo”... O Lula que se uniu “aos picaretas do Congresso”... O Lula que quis reeditar a CPMF, uma taxa que antes chamava de extorsão... Esse Lula não põe seu bloco na rua numa hora dessas? 
Por lealdade, deveria ter dado o braço a Dilma. Afinal, ela chefiava sua Casa Civil e só concordou em disputar a Presidência porque, sem Dirceu nem Palocci, Lula impôs seu nome.
A técnica Dilma, a gerentona, a ex-guerrilheira, talvez um dia escreva um livro sobre sua relação com Lula. Por mais responsável que seja, como presidente, pela explosão da insatisfação no Brasil, Dilma sabe bem quem a colocou nessa roubada de “mãe do PAC”. Sabe que recebeu uma herança de corrupção, impunidade, abuso de poder, desvio de verba pública, falta de representatividade dos partidos, péssima qualidade de serviços essenciais, impostos absurdos, altos salários e mordomias dos burocratas dos Três Poderes, cinismo e oportunismo de governadores e prefeitos. O Brasil já era assim quando ela foi eleita. 
O Lula presidente se lamentava da “herança maldita” de Fernando Henrique Cardoso. Dilma não pode dizer nada nem parecido. Lula teve oito anos para mudar o caráter do Brasil para melhor. Tinha tudo. Tinha uma história de defesa da liberdade e dos direitos humanos, tinha credibilidade e a legitimidade do voto, tinha nas mãos a esperança de tantos jovens aglutinados pela estrela do PT. E por tantas bandeiras no ar. A ética. A educação e a saúde de qualidade ao alcance de todos. As creches, o transporte de massa. Mas Lula achou que o Bolsa Família seria suficiente.
Os jovens que protestam agora, em paz ou com raiva, mal chegavam aos 10 anos de idade quando a eleição de Lula emocionou o Brasil. A geração YouTube deveria rever a bela cerimônia em que FHC passou o poder a Lula. Se, na última década, a oposição fracassou com a juventude, imagine a autocrítica do PT. Um partido que inchou com siglas infiltradas e perdeu companheiros de raiz. Uns saíram por racha ideológico, outros por convicção de que nada mudaria na essência, e outros ainda porque foram processados, cassados e condenados.
Os jovens brasileiros de 16 a 18 anos, para quem o voto é facultativo, se afastaram das urnas e, até umas semanas atrás, pareciam alienados. Eles não acreditam nos partidos. Quem de bom-senso ainda acredita, a não ser os que ganham o pão – e os dólares – com a política partidária? Por isso a ideia de candidatura avulsa, endossada pelo presidente do STF, Joaquim Barbosa, ganha força. Joaquim defendeu um “recall” nacional dos políticos. Já pensou se os eleitores passam a ter o direito de revogar mandatos e de expulsar políticos de cargos? Renan continua com aquele sorrisinho pregado no rosto em todas as fotos. Até quando, Calheiros? 
Na semana passada, Dilma virou a Geni. Tudo que disse e desdisse levou pedra de aliados e oposicionistas. Uns vândalos. Constituinte, plebiscito, referendo, pactos, apelos, nada pegou bem, nem com a maquiagem e o penteado que custaram R$ 3.125. A presidente está isolada por seus pares e ímpares. Sua sorte é que, até agora, não há líderes oposicionistas com discurso consistente para o futuro do país. Aécio Neves converteu-se a uma pálida sombra do que poderia ser. Marina Silva virou uma analista em cima do muro, com o aposto de “evangélica”. Eduardo Campos desistiu do combate às claras e age nos bastidores à espera de uma derrapagem fatal.
E Lula... Bem, Lula recebeu alguns jovens em seu instituto. A aliados, diz-se que acusou Dilma de cometer “barbeiragens” na articulação e na resposta à nação. Lula é hoje a pedra mais incômoda no sapato alto da presidente.  
Ruth de Aquino em 03/07/13 - Colunista da Revista Época.